Papai criava muitos pássaros. Periquitos, sabiás... Achava uma judiação prender bichinho assim na gaiola, mas ele se defendia dizendo que se não fosse assim eles morreriam porque não sabiam procurar comida sozinhos. Deviam ser muito bobinhos mesmo, os pássaros. O mais novo prisioneiro era um canário. Papai percebeu que ele ficava muito triste sozinho. Disse: "Não é bom que o canário viva só." Comprou pra ele uma companheira que lhe fosse idônea. E ordenou: "Sede fecundos, multiplicai-vos e enchei a gaiola." O resultado foram três canarinhos. Eram bonitinhos, mas muito esquisitos. Não era igual pintinho. Brincar com pintinho era legal, tinha uma penugem fofinha, fofinha. Dava gosto que só vendo eles dormindo embaixo da mamãe galinha. Mas o filhote do canarinho, pobrezinho, era uma coisinha sem forma, com olhos enormes, um bico engraçado e algumas penas espetadas pelo corpo. Nem dava vontade de brincar. Eu não entendia, mas papai sorria achando que tudo estava bom.
3.10.06
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