Ele observava o antigo retrato. No centro, uma menina com roupa de colegial, 3 ou 4 anos de idade. Bem menininha mesmo, com um leve sorriso no rosto. Olhos bem azuis, cabelos ondulados e loiros, no centro de um jardim bem florido.
Sua atenção se voltou para os sapatinhos pretos que ela usava, um pouco gastos nas pontas. Então imaginou o quanto de significado aqueles raladinhos poderiam trazer, sentimentos de simplicidades. Sendo que ele mesmo também tivera uma origem humilde, sempre se vendo com roupas desbotadas e sapatos usados e gastos. Pensava nisso e ainda assim o sentimento que tinha de sua infancia era de felicidade.
Imaginou que a mãe daquela garotinha bem que colocaria, nela, sapatos de cristal, se pudesse. Mas isso seria muito menor que carinho que deveria ter por ela. Sim, aquela garota parecia feliz, parecia amada.
Concluiu que na vida, às vezes não existe muita diferença entre o complexo e o simples. Simples como um raladinho no sapato.
Concluiu que na vida, às vezes não existe muita diferença entre o complexo e o simples. Simples como um raladinho no sapato.